A Cirurgia Fetal endoscópica ou fetoscopia é uma técnica cirúrgica minimamente invasiva, que utiliza um endoscópio de fibra óptica, conhecido como fetoscópio. Este instrumento pode ser utilizado tanto para avaliar, quanto para tratar o feto, ainda durante o período gestacional.
É importante para o diagnóstico precoce e tratamento de problemas congênitos complexos, que podem resultar em complicações durante o parto e desafios por toda a vida. Assim, é um instrumento muito importante para a Medicina Fetal.
Com o diagnóstico precoce, realizado durante o pré-natal, diversas malformações congênitas podem ser corrigidas, ou amenizadas, pela cirurgia fetal endoscópica ou fetoscopia.
Exemplos de casos reais incluem Hérnia Diafragmática Congênita, Mielomeningocele, Síndrome da transfusão feto-fetal, Anemia fetal e malformações cardíacas.
Como é feita a Cirurgia Fetal endoscópica ou fetoscopia?
Com a evolução das técnicas cirúrgicas e a comprovação dos benefícios proporcionados pela Cirurgia Fetal endoscópica ou fetoscopia, esse instrumento tem sido cada vez mais utilizado.
Inicialmente, seu uso era restrito para a realização de exames, como a coleta de sangue fetal. Mas alguns dos novos procedimentos intrauterinos também estão sendo realizados com o fetoscópio.
O instrumento é guiado por ultrassonografia em tempo real, e permite o acesso ao feto pelo abdome materno.
A Cirurgia Fetal endoscópica ou fetoscopia é realizada em ambiente hospitalar e prevê a administração de anestesia local na mãe, e geral no feto. O tempo de cirurgia e a recuperação dependem do tipo de procedimento que será realizado.
Em quais casos a Cirurgia Fetal endoscópica ou fetoscopia é indicada?
Os procedimentos podem ser realizados para a correção das malformações, ou para impedir a progressão de doenças. Confira alguns exemplos:
Síndrome da transfusão feto-fetal:
Essa síndrome pode ocorrer em gestações gemelares, quando os fetos dividem a mesma placenta. A Cirurgia Fetal endoscópica ou fetoscopiaa é realizada em um procedimento conhecido como Ablação de anastomoses placentárias.
Ele prevê a punção percutânea, a introdução do fetoscópio e fibras de laser, utilizadas para cauterizar as anastomoses vasculares. Nos casos mais graves, em que o tratamento não é acontece, o problema pode levar os dois fetos ao óbito.
Hérnia diafragmática congênita:
Uma malformação no diafragma que provoca o deslocamento dos órgãos do abdômen para a caixa torácica. Assim, o espaço para o desenvolvimento do pulmão se torna limitado, resultando em uma condição chamada hipoplasia pulmonar, que pode ser fatal.
A Cirurgia Fetal endoscópica ou fetoscopia prevê a Oclusão traqueal fetal para expandir o pulmão comprimido. Com o auxílio do fetoscópio, um microcateter é acoplado a um balão vazio e inserido dentro da árvore traqueobrônquica.
O balão é então insuflado e destacado do microcateter, promovendo a oclusão da traqueia, estimulando, dessa forma, o desenvolvimento pulmonar. A reparação é feita nos pós-natal.
Anemia fetal:
A Anemia fetal resulta de uma condição conhecida como eritroblastose fetal, causada geralmente quando há falta de compatibilidade do fator RH entre a mãe e o feto.
Pela Cirurgia Fetal endoscópica ou fetoscopia, é realizada a transfusão sanguínea intrauterina. O procedimento é feito pelo cordão umbilical, com a infusão do volume de sangue necessário para aumentar o nível de hemoglobina. É indicado quando há anemia fetal moderada ou grave.
Mielomeningocele:
Também chamada espinha bífida, é uma malformação congênita da coluna vertebral, que não se fecha totalmente até o nascimento. Assim, acarreta no contato da medula espinhal com o líquido amniótico.
Bebês com esta anomalia podem desenvolver hidrocefalia, perder a capacidade de andar, entre outros desafios.
A Cirurgia Fetal endoscópica ou fetoscopia possibilita que o defeito seja corrigido diretamente no feto. No entanto, somente pode ser realizada entre a 20ª e a 27ª semana de gravidez.
Problemas cardíacos:
A Cirurgia Fetal endoscópica ou fetoscopia é importante para dois procedimentos intrauterinos que podem evitar insuficiência cardíaca ou a morte fetal:
– Valvoplastia aórtica fetal: realizada para dilatar a válvula aórtica do feto, que conduz o sangue do lado esquerdo do coração para todo o corpo, quando um estreitamento impede a passagem normal do sangue.
– Valvoplastia pulmonar fetal: prevê a abertura da válvula pulmonar, que conduz o sangue do ventrículo direito para o pulmão.
Os procedimentos são realizados a partir da introdução de um balão. Embora, em ambos os casos, a cirurgia não seja curativa, permite o desenvolvimento normal e a reparação no pós-natal.
Problemas no trato urinário:
A Cirurgia Fetal endoscópica ou fetoscopia também possibilita a Ablação endoscópica da válvula de uretra posterior, conhecida como VUP.
O procedimento é indicado quando a válvula de uretra posterior impossibilita o feto de esvaziar a bexiga e que possuam uma quantidade mínima líquido amniótico, ou nenhum.
Porém, pode apenas ser realizado se não houver lesão renal grave e irreversível. A cirurgia possibilita a redução da dilatação do trato urinário e a preservação da função renal.
Ao mesmo tempo, ajuda a restabelecer o volume do líquido amniótico, essencial para o desenvolvimento pulmonar em etapas mais avançadas da gestação.
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