A Cirurgia Fetal é uma área de atuação médica. Não é reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Medicina. Também não existe um programa de formação específico para os médicos que vão atuar nela. Assim, este é um processo ainda em curso.
Isto aconteceu com a própria Cirurgia Pediátrica, quando se separou da Cirurgia Geral: alguns cirurgiões, interessados no atendimento de crianças, definiram uma área de atuação. Só depois, então, ela se transformou em nova especialidade médica.
O tratamento cirúrgico dos fetos nasceu da Cirurgia Pediátrica, e também da Obstetrícia: especificamente da Medicina Fetal. Ambas as especialidades a equiparam com ferramentas diversas.
Todas essas contribuições fazem com que, hoje, a Cirurgia Fetal possa contribuir da melhor forma possível na resolução de problemas detectados ainda no útero.
A Cirurgia Fetal também deve a sua formatação e pilares de desenvolvimento ao Dr Michael Harrison, cirurgião pediatra da Universidade de São Francisco. Ele é considerado o “pai da Cirurgia Fetal”.
O desenvolvimento da Cirurgia Fetal se baseia:
• Na capacidade de diagnóstico acurado;
• No desenvolvimento de técnicas cirúrgicas em modelos experimentais;
• No entendimento da evolução de cada malformação fetal.
Duas sociedades internacionais promovem reuniões e discussões técnicas: a americana International Fetal Medicine and Surgery Society – IFMSS e a europeia Fetal Medicine Foundation.
No seio dessas sociedades, ocorrem reuniões científicas, elaboração de estudos multicêntricos e discussões essenciais ao desenvolvimento técnico.
Muitos estudos experimentais, eticamente aprovados e realizados em animais, possibilitaram o acúmulo de conhecimento que se tem hoje.
Eles permitiram o entendimento desde o controle da atividade uterina até o desenvolvimento de novas técnicas. Novos estudos estão sendo continuamente propostos. Afinal, os desafios não param.
Muito esforço tem sido depreendido para se aumentar a capacidade diagnóstica. Quer por exames de imagem, quer por laboratoriais. Inclusive, com técnicas genéticas sofisticadas.
A miniaturização dos equipamentos videocirúrgicos, feita pela indústria especializada, também permitiu a introdução de procedimentos minimamente invasivos na cirurgia intrauterina.
Por fim, a compreensão da necessidade de uma abordagem multidisciplinar: cada especialista traz e contribui com o melhor de sua experiência. Assim, fazem da cirurgia do bebê, ainda dentro do útero, uma realidade.