Para algumas pessoas pode parecer puro milagre; para outras, algo raro, que a tecnologia e a ciência ainda vão impactar. Mas, a verdade é que a cirurgia no feto fora do útero já é realidade na medicina fetal.
Mais do que isso, é responsável por salvar milhares de vidas, ou, pelo menos, oferecer melhores condições de bem-estar para muitas e muitas crianças e famílias ao redor do mundo. Por isso, cada vez mais, tem se tornado um assunto em alta não apenas no campo da medicina, mas para pais e mães que planejam aumentar a família em breve.
Mas como, exatamente, é feita uma cirurgia no feto fora do útero?
Existem algumas técnicas usadas com mais frequência para esse tipo de procedimento cirúrgico. São elas: a Cirurgia Fetal a Céu Aberto, com exposição parcial do útero e o EXIT, com a extração parcial ou completa do feto para resolução do problema.
Vamos saber mais sobre elas:
Cirurgia Fetal a Céu Aberto
Nesta técnica, o abdome materno é aberto e o útero é exposto apenas para a abordagem no local de interesse do feto. É uma cirurgia de grande porte, com uma cicatriz parecida com a de uma cesárea. A mãe e o feto permanecem cerca de um a dois dias na UTI para observação pós-operatória. Por conta da cicatriz, é indicado o parto por cesárea.
Dois exemplos de doenças fetais em que a Cirurgia Fetal a Céu Aberto é indicada são: Mielomeningocele e Teratoma Sacrococecígeo Fetal.
No caso da Mielomeningocele, cirurgia no feto fora do útero é indicada antes da 27ª semana de gestação. O procedimento começa com a abertura e exposição do útero materno com um grampeador especial para impedir que as membranas ovulares descolem. A partir disso, o reparo do defeito nos arcos vertebrais é feito e o líquido amniótico é reposto, antes do fechamento do útero e parede abdominal materno.
É importante ressaltar que a Cirurgia Fetal a Céu Aberto é considerada padrão-ouro para a correção fetal da mielomeningocele pela literatura científica atual.
A malformação fetal Teratoma Sacrococcígeo raramente pode necessitar de Cirurgia Fetal a Céu Aberto para retirada do tumor, muitas vezes, sem a necessidade de uma nova cirurgia pós-nascimento.
Essa doença consiste no crescimento de um tumor a partir do final da coluna vertebral do feto, sobrecarregando seu coração, que pode desenvolver insuficiência cardíaca, hidropisia e até mesmo chegar ao óbito fetal.
EXIT – Procedimento intraparto extrauterino
Neste procedimento é realizada a extração total ou parcial do feto durante o parto, antes do clampeamento do cordão umbilical, para acesso ao campo operatório fetal. Como o útero não pode ter nenhuma contração, a cirurgia é feita sob anestesia geral materna. Assim que finalizado, o cordão é seccionado para realização do parto no formato cesárea.
O EXIT é indicado principalmente para tratamento de Massas ou Tumores Cervicais. Esses tumores podem comprimir a via aérea do feto, colocando em risco a sua capacidade de respiração até a eventual morte do neonato. Felizmente, por meio dessa cirurgia de feto fora do útero, é possível realizar a retirada da massa, garantindo o melhor funcionamento das vias aéreas do recém-nascido.
Há também outras técnicas de cirurgia fetoscópicas para tratamento de malformações e doenças fetais. Nelas, são introduzidos aparelhos dentro do útero para acesso ao feto, de forma minimamente invasiva.
Anestesias para cirurgia no feto fora do útero
Dependendo do procedimento e da situação do feto e da mãe, existem alguns tipos diferentes de anestesias indicadas para cirurgias fetais. Vale ressaltar que elas são sugeridas pensando prioritariamente na saúde e segurança dos pacientes.
Conheça alguns detalhes dessas modalidades de anestesia:
1. Sedação materna: é indicada em casos de cirurgia fetal minimamente invasiva. Também é realizado um anestésico local em que o aparelho (como um fetoscópio ou lazer) será inserido. Alguns procedimentos também podem demandar anestesia fetal intramuscular. Outros atuam apenas em vasos placentários, sem causar dor ao feto.
2. Anestesia regional: é aplicada por raquianestesia ou peridural, em procedimentos fetoscópicos, quando a sedação e anestesia geral não forem toleradas pela mãe.
3. Anestesia geral: conforme mencionado anteriormente, para os procedimentos de EXIT, é necessário o relaxamento uterino, inibindo a atividade do órgão e evitando qualquer contração. Normalmente, o feto também fica anestesiado por conta da passagem dos anestésicos pelo cordão umbilical, mas, se necessário, a anestesia pode ser reforçada de forma intramuscular fetal.
Como saber quando realizar uma cirurgia de feto fora do útero?
Antes de qualquer coisa, é necessário ter a consciência de que, por se tratarem procedimentos cirúrgicos, todas as técnicas citadas neste post de blog podem causar riscos para o feto e para a continuidade da gestação. Por isso, é fundamental contar com acompanhamento médico de uma equipe multidisciplinar que vai avaliar a relação de riscos e benefícios, antes de sugerir a melhor alternativa para tratar qualquer malformação ou doença fetal.
Caso queira saber mais sobre o assunto, acompanhe o nosso blog ou entre em contato com a equipe da Cirurgia Fetal!