Mesmo quem conhece casos bem sucedidos sabe que passar por uma Cirurgia de Mielomeningocele intra-uterina é uma experiência complexa. Já está comprovado cientificamente que os resultados com a cirurgia fetal são superiores à cirurgia pós-natal. No entanto, obviamente, os resultados podem variar, a depender das muitas questões envolvidas em cada caso.
A Mielomeningocele é uma malformação fetal que, normalmente, acontece no começo da gravidez, quando os ossos da coluna estão se formando. Na Mielomeningocele a porção mais baixa do tubo neural não fecha, fazendo com que o final da medula e as meninges fiquem expostas e presas à pele.
Os bebês que nascem com Mielo podem ter problemas como acúmulo de líquido no cérebro – conhecido como hidrocefalia –, complicações cerebrais, urinárias, e motoras, chegando até a paralisia.
A boa notícia é que se diagnosticado cedo, os pacientes (mãe e bebê) podem ter a oportunidade de fazer a Cirurgia de Mielomeningocele intra-uterina.
Entretanto, ela só pode ser indicada até a 27ª semana de gestação. Depois disso, há indícios de que o procedimento traz poucos benefícios.
Contudo, hoje contaremos uma história de dois pacientes (mãe e bebê), motivo de muita alegria para a nossa equipe. Acompanhe:
Do diagnóstico à decisão de passar por uma Cirurgia de Mielomeningocele intra-uterina
Na 17ª semana, enquanto a paciente fazia uma das suas ecografias mensais de rotina, a médica que a atendia questionou se a família já tinha ouvido falar sobre Mielomeningocele. Isso porque ela já havia percebido um problema na coluna do feto.
Por trabalhar na área da saúde, a gestante já havia tido contato com a doença, mas apenas com pacientes portadores de sequelas importantes. Assim, o questionamento gerou bastante preocupação.
A médica explicou todos os detalhes sobre a malformação. Falou, sim, sobre as sequelas já conhecidas, e outras possíveis consequências, mas também citou a possibilidade de Cirurgia intra-uterina para Mielomeningocele.
Então, ela encaminhou os pacientes para a nossa equipe, que confirmou o diagnóstico, já que era possível perceber nitidamente os impactos no cerebelo, que já causavam hidrocefalia avançada.
A partir da confirmação, a gestante marcou novas consultas com seu obstetra e ginecologista da família para saber mais informações, mas nenhum dos dois conhecia o tratamento fetal.
Depois de uma nova consulta com a nossa equipe a paciente, confiante, decidiu por realizar a cirurgia de Mielomeningocele intra-uterina. A essa altura, o bebê estava quase completando a 20ª semana.
Processos judiciais para a Cirurgia de Mielomeningocele intra-uterina
Um dos grandes desafios da Cirurgia Fetal é que ela ainda não consta no rol de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos Planos de Saúde.
Por isso, na maioria das vezes em que são necessários procedimentos cirúrgicos para tratar doenças fetais, há processos judiciais para pleitear a cobertura dos custos.
Também foi o caso dessa nossa paciente, que precisou acionar juridicamente o seu Plano de Saúde. Ao mesmo tempo, iniciou o pré natal pelo SUS.
Além disso, a gestante havia acabado de mudar a carência de seu Plano de Saúde e não tinha certeza se conseguiria a aprovação.
O começo de uma grande mudança na vida dessa família
Era dia 12 de outubro quando a liminar saiu e, no mesmo instante, o médico responsável marcou o procedimento.
Então a mudança na vida dessa família já tinha local e data para começar: Hospital Nossa Senhora das Graças, 16 de outubro, data em que a paciente completava 24 semanas de gestação.
A paciente entrou na sala de cirurgia tranquila, confiante de que tudo daria certo. E deu. O procedimento durou quase seis horas, mas foi um sucesso, sem nenhuma intercorrência.
Ela e o bebê estavam ótimos, tão bem que ficaram apenas um dia na UTI. Quatro dias depois, foi feita a primeira ecografia, já com a cicatriz da cirurgia bem recuperada.
Acompanhamento pós-cirúrgico e a hora tão esperada
Após a cirurgia de Mielomeningocele intra-uterina, foram necessários exames de ecografias semanais. Após a 26ª semanas, elas passaram a ser feitas a cada 15 dias.
O bebê se movimentava bem e o exame mostrava a evolução conquistada pela cirurgia, já que o cerebelo havia diminuído.
Até que chegou a hora tão esperada: com 29 semanas e já com a bolsa rompida, a paciente foi para o hospital com contrações.
No dia seguinte, o bebê nasceu com 1.801 kg – peso adequado para a idade.
Chorava muito, não precisou ser entubado, mas permaneceu na UTI por 15 dias até ganhar mais peso. Era véspera do Natal quando receberam alta, e puderam comemorar juntos em casa.
Resultados que surpreendem a cada dia
Os primeiros dias em casa foram tranquilos, apesar da dificuldade na amamentação. A mãe variava entre a mamadeira e logo nas primeiras semanas o bebê já começou a ganhar peso.
Desde as primeiras semanas, os exames mostravam tudo normal com o bebê, mal dava para acreditar que ele havia tido Mielomeningocele.
As funções motora e cognitiva sempre funcionaram muito bem. Hoje, com 2 anos e 7 meses, já pediu até para tirar a fralda e usar o penico sozinho, comprovando uma ótima função urinária também.
O resultado: uma perspectiva de vida saudável! Os benefícios da cirurgia de Mielomeningocele intra-uterina podem persistir até a idade escolar, apontam os estudos.
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Contamos a história de alegria e sucesso de uma gestante e um bebê que passaram pela Cirurgia de Mielomeningocele intra-uterina. Para conhecer outros casos, basta acessar o nosso blog e se cadastrar na nossa newsletter. Dessa forma, você pode receber artigos e novidades gratuitamente, direto no seu e-mail.
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