Também chamado ecografia, o ultrassom é um exame de imagem que revolucionou a medicina moderna. Nos exames de ultrassom, um transdutor emite e capta ondas sonoras pelo contato com o corpo, transformando-as em imagens.
Por muito tempo a obstetrícia focou nos problemas maternos e com o advento do exame de ultrassonografia a paciente ficou “ transparente” e permitiu que o feto fosse estudado em maior detalhe, recebendo então uma atenção maior.
Assim, foi possível acelerar o desenvolvimento da Medicina Fetal, uma área de atuação da obstetrícia voltada para maior assistência ao feto.
Por meio dos exames de ultrassom modernos, tornou-se possível diagnosticar malformações fetais ainda durante a gestação, o que permitiu até mesmo o tratamento de algumas quando o bebê ainda está no ventre materno.
A capacidade do ultrassom em detectar problemas
Quando falamos em exames de ultrassom, diferentes elementos estão envolvidos: a qualidade do equipamento utilizado, a posição do feto, a atenuação do som nos tecidos maternos e até a capacitação do examinador.
A detecção de anomalias, por exemplo, é quase três vezes maior quando o ultrassonografista tem melhor capacitação e treinamento.
Muitas vezes a malformação em si é difícil diagnóstico, mas alguns sinais indiretos podem ser observados. Por exemplo, uma deformidade na coluna pode ser difícil de ser vista, mas a alteração que ela pode provocar no cérebro do bebê pode ser mais fácil de ser identificada.
A padronização dos exames de ultrassom
Uma lacuna que precisa ser preenchida é a falta de padronização destes exames. Protocolos que explicitem como cada tipo de exame ultrassonográfico deve ser feito, de acordo com os objetivos.
Tornar mais claro, por exemplo, quais estruturas devem ser examinadas em cada tipo de exame. E, especialmente, como elas devem ser analisadas.
Apesar de ser fundamental para manter a qualidade dos exames, a padronização é recente na medicina. Mesmo com o rápido crescimento dos exames de ultrassom na área obstétrica, ainda não existem protocolos nacionais amplamente aceitos e bem difundidos.
A necessidade de padronização está ligada à criação de mecanismos que podem ser utilizados para evitar falhas humanas. Um deles é exatamente a criação de padrões e situações “à prova de erros”, por meio do uso de protocolos.
Durante a gestação, são realizados no sistema privado, cerca de quatro exames de ultrassom por gestação. No entanto, há uma diferença fundamental nas avaliações, de acordo com a idade gestacional.
O exame realizado na 9ª semana, por exemplo, não é a mesma coisa que o da 12ª, 22ª ou 36ª.
Saiba como, quando devem ser realizados, e o que cada um deles deve investigar:
1- Exames realizados no primeiro trimestre
Devem ser realizados entre a 7ª e 8ª semana de gestação. São importantes para determinar a idade da gestação, se ela é tópica, ou seja, acontece naturalmente no útero, ou ectópica, quando embrião implanta em uma das tubas uterinas.
Também serve para detectar os batimentos cardíacos do embrião. O exame deve determinar, ainda, a medida do mesmo.
2- Segundo ultrassom: morfológico do primeiro trimestre (translucência nucal)
O ultrassom morfológico do primeiro trimestre é o mais importante dos exames de ultrassom para a identificação de problemas de malformação fetal.
Afinal, a maior parte das doenças fetais possíveis de tratar ainda no útero apresenta prazos limites curtos.
As imagens detalhadas para avaliação do feto, e desenvolvimento da gravidez, devem ser aproveitada da melhor forma.
Deve ser realizado entre a 11ª e 14ª semanas de gestação, e prevê os estudos da anatomia fetal, a medida da translucência nucal e a avaliação da presença do osso nasal.
As análises de outros marcadores são igualmente importantes para detecção de anomalias.
A translucência nucal Observa a quantidade de edema que existe na região da nuca do feto. Sabemos que os fetos que apresentam edema expressivo possuem uma maior chance de ter malformações ou síndromes genéticas.
Quando realizado de forma correta, possibilita observar boa parte das malformações fetais (cerca de 50%) já nesta fase da gestação.
Doenças fetais detectáveis no morfológico do primeiro trimestre
O morfológico do primeiro trimestre tem como principal objetivo o rastreamento de anomalias genéticas, incluindo a Síndrome de Down. Por rastreamento entenda-se dizer se o bebê tem um risco pequeno ou grande.
Pode revelar também outras malformações, , como é o caso da Mielomeningocele. Apesar de muitas mielomeningoceles serem diagnosticadas apenas na segunda metade da gravidez, algumas serão identificadas já no exame da translucência nucal.
Também os fetos que possuem maior propensão para malformações cardíacas apresentaram alterações no fluxo sanguíneo do ducto venoso.
Já a síndrome da transfusão feto-fetal, que pode ocorrer nas gestações gemelares monocoriônicas (quando os fetos dividem a mesma placenta) podem apresentar alguns indícios do problema já no exame da translucência nucal.
Algumas destas condições podem ser tratadas ainda durante o desenvolvimento intrauterino, proporcionando maiores chances de sobrevida e qualidade para as futuras crianças.
Terceiro ultrassom: morfológico do segundo trimestre
O ultrassom morfológico do segundo trimestre avalia a anatomia do feto e deve ser feito entre a 20ª e 24ª semana de gravidez.
Essa é a melhor fase para visualizar as alterações anatômicas, confirmar e acompanhar a evolução das malformações detectadas pelo exame realizado no primeiro trimestre.
Alguns problemas que passaram despercebidos no primeiro exame, COMO A HÈRNIA DIAFRAGMÁTICA CONGÊNITA, podem ser detectados neste segundo exame morfológico.
Aproximadamente 80% das malformações fetais são identificadas nessa fase.
Quarto ultrassom: avaliação do crescimento fetal (ultrassom obstétrico)
O último ultrassom é realizado no terceiro trimestre, entre a 28ª e 32ª semana de gravidez. Embora não seja um exame pré-natal obrigatório, tem como propósito uma avaliação do crescimento fetal.
Ao mesmo tempo, avalia a posição fetal, o líquido amniótico, as condições da placenta e do cordão umbilical.
Mais uma informação sobre os exames de ultrassom
Além dos quatro principais exames de ultrassom, geralmente na metade da gravidez, é realizado o ultrassom com Doppler. Ele possibilita o rastreamento de risco para a gestante desenvolver Pré-eclâmpsia (doença hipertensiva da gestação) e Restrição de crescimento fetal, em suas formas mais graves.
Se você quer saber mais sobre este assunto, aproveite para ler este outro artigo, que traz dicas sobre “Como identificar malformações fetais em 3 passos”.
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