Nos próximos meses, o Brasil vai completar um ano convivendo com a pandemia da Covid-19, uma doença que pegou o mundo todo de surpresa, e que, ainda, não revelou todas as dúvidas e incertezas que trouxe consigo. Um exemplo disso é a Covid-19 durante a gestação. Apesar de vários estudos e pesquisas, não é possível afirmar com toda a certeza quais são os impactos do novo coronavírus em mulheres grávidas e fetos.
Considerando essa inconclusão, não é recomendado sugerir o adiamento da gestação por inúmeros fatores – incluindo a questão ética, respeito pela autonomia reprodutiva, etc. –, mas vale a pena acompanhar os resultados dos estudos diários relacionados à doença, principalmente, em caráter preventivo. De qualquer forma, é fundamental seguir todos os protocolos de prevenção à Covid-19, independentemente da situação, como usar máscaras, evitar aglomerações, higienizar as mãos com frequência, entre outros.
Sintomas e internação de Covid-19 durante a gestação
Não há conclusão sobre os sintomas das mulheres grávidas serem diferentes aos sintomas de mulheres não grávidas. O que sabemos é que a gestação, em geral, acarreta mudanças fisiológicas do organismo da gestante. Essas alterações normalmente impactam no agravamento de infecções respiratórias, mas não há dados concretos que apontem essa condição a partir da Covid-19.
Em uma análise feita pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), nos Estados Unidos, em um grupo de 147 mulheres infectadas pelo coronavírus, apenas 8% tinham doença grave e 1% estava em condição crítica. Outro estudo, publicado pelo British Medical Journal, divulgou que mulheres grávidas infectadas por Covid-19 têm maior probabilidade de não apresentarem sintomas. Por outro lado, a mesma pesquisa mostrou que o risco de internação na UTI é maior durante a gestação.
Em relação à pré-eclâmpsia, um quadro em que há elevação da pressão arterial materna, que pode causar problemas tanto para a mãe quanto para o bebê, uma publicação no JAMA (Journal of American Medical Association) explica que a Covid-19 gera uma inflamação que pode impactar nos mecanismos que causam a alteração na pressão da gestante. Mas o próprio estudo admite que ainda há necessidade de realizar mais pesquisas, com mais pessoas, para garantir a efetividade dos resultados.
O que sabemos sobre a transmissão vertical de Covid-19 durante a gestação?
Há apenas relatos isolados de transmissão de Covid-19 da mãe para o bebê durante a gestação. Em um dos casos – cujo artigo ainda está em revisão –, foi registrado que uma paciente grávida de 23 anos foi admitida em um hospital, com 35 semanas de gestação e infecção por Covid-19. Por conta de um teste de vitalidade fetal alterado, precisou ser feita uma cesariana e, durante a cirurgia, foi coletada uma amostra de líquido amniótico que testou positivo para o coronavírus.
O bebê precisou passar por uma série de testes e procedimentos como reanimação e intubação durante as primeiras horas de vida, mas apresentou uma melhora progressiva logo nos três primeiros dias e recebeu alta do 18º dia.
Uma boa notícia dentro de todo esse cenário: segundo Mário Macoto Kondo, chefe do Departamento de Obstetrícia do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo, não há evidências de malformações fetais por conta da Covid-19 durante a gestação.
E sobre a vacina? O que podemos concluir em relação a aplicação nas gestantes?
Dificilmente os primeiros estudos de remédios, vacinas ou intervenções cirúrgicas são realizados com gestantes e recém-nascidos, principalmente para proteger essas pessoas de qualquer possível efeito negativo. Com a Covid-19 não é diferente. Por conta da dificuldade de recrutar gestantes para os testes, possivelmente, teremos dados conclusivos sobre a vacina nestes casos apenas daqui a alguns meses ou anos.
Sendo assim, provavelmente, caberá às gestantes discutir a situação com seus médicos e tomar uma decisão pessoal sobre a aplicação da vacina ou não.
O que considerar ao fazer essa escolha?
- Os dados mais atuais sobre o risco de exposição a coronavírus causador da Covid-19;
- As informações sobre os possíveis riscos da doença para a gestante e seu bebê;
- O histórico de saúde da gestante – principalmente se há alguma condição de risco na saúde da mulher, desconsiderando a gestação;
- Além de estudos recentes sobre o impacto da vacina e efeitos colaterais em gestantes.
Sobre a Cirurgia Fetal
A Cirurgia Fetal é uma clínica localizada em Curitiba/PR, composta por uma equipe multidisciplinar, com um perfil pouco encontrado no país.
Além de todo o suporte diagnóstico e terapêutico fetal, realizamos o acompanhamento desde o diagnóstico até a indicação de uma Cirurgia Fetal, se estendendo no tratamento após o nascimento.
Contamos com suporte neonatal em sala de parto, puericultura de alto risco, Cirurgia Pediátrica e Uropediatria.
Para saber mais, acesse o nosso site ou entre em contato conosco.